terça-feira, 15 de setembro de 2020

JOAQUIM DAS VIRGENS NETTO

 



Joaquim das Virgens Netto, natural de Acari-RN, nascido em 7 de outubro de 1913 e faleceu em fevereiro de 1963. Prefeito do município de Assu, em 1945. Faleceu em fevereiro de 1963

JOAQUIM DAS VIRGENS NETTO

JOAQUIM DAS VIRGENS NETTO



Joaquim das Virgens Netto, prefeito de Assu depois da Segunda Guerra Mundial (Petit das Virgens)

O fim da guerra em 1945 levou o jovem promotor público Joaquim das Virgens Netto a assumir a Prefeitura de Assú. O mundo comemorava a vitória da liberdade sobre os governos totalitários. No Brasil, Getúlio Vargas tinha apoiado os aliados mas ficava numa situação difícil com o novo contexto e logo sofria um golpe militar. Terminava o Estado Novo.

Começava a redemocratização. O jurista Miguel Seabra Fagundes era nomeado o novo interventor do Estado do Rio Grande do Norte. Sua principal meta: sanear as contas públicas. Precisava de pessoas notoriamente ilibadas para assumir as prefeituras. Nomeou prefeito de Assú, o Dr. Joaquim das Virgens, a mais alta autoridade do município.

Joaquim já morava na cidade desde 1936 quando tinha sido designado para o cargo de adjunto de promotor. Casara na época, com Isabel Brito de Amorim (Sinhá), uma professora de tradicional família assuense. Seu período na prefeitura foi o mesmo de Seabra no Governo: Sete de novembro de 1945 a treze de fevereiro de 1946. Apesar do curto período, saneou as contas da Prefeitura e deu andamento as obras públicas inclusive a construção do mercado público.

Joaquim das Virgens veio ao mundo em 1913, na fazenda Ephinal uma das dezesseis propriedades à beira do açude Água Doce, construído pelo bisavô Felix de Araújo Pereira, o Felix dos Garrotes, em Acari. A propriedade era de seu avô paterno e padrinho Francisco Raimundo Pereira de Araújo, administrador do açude. Chico Raimundo, ou Ferreiro Velho, era considerado o sábio do Seridó. Numa época em que não havia transgênicos, ele inventara o algodão Mocó, através de seleção natural de plantas silvestres. Recebeu engenheiros agrônomos americanos e ingleses, interessados em seus experimentos. Até o marechal Rondon veio ver o algodão que chamava a atenção do mundo pela qualidade da fibra.

Seu avô materno, o coronel Joaquim das Virgens Pereira de Araújo, de quem herdara o nome, era irmão de Chico Raimundo, e na época, um dos maiores exportadores de algodão do país. Homem de visão, espírito empreendedor, mecanizou o beneficiamento do algodão e o desengorduramento do leite introduzindo maquinário importado da Inglaterra. Assustou o Seridó, no começo do Século XX, levando para o sertão, o primeiro automóvel.

Era na maior de suas fazendas, a Cauassu, onde o neto Joaquim passava as férias. Com poucos anos de idade viu no Cauassu, durante uma festa junina, o cangaceiro Antônio Silvino, ser aconselhado pelo avô a sair do Rio Grande do Norte. Silvino se dizia afilhado do fazendeiro mas Felix Pereira, irmão do coronel Joaquim, era delegado de Acari. Este armou a população e estava disposto a matar ou prender o bandoleiro que ameaçava invadir a cidade. O cangaceiro entendeu o conselho e fugiu para a Paraíba.

Quinco, como a família chamava Joaquim Neto perdeu o pai José Estevão de Araújo quando tinha apenas seis meses de idade. A irmã Mônica também ficou órfã. O pai havia levado uma arma para o conserto e um disparo acidental atingiu seu coração. Joaquim salvou-se porque estava no braço direito do pai. Esse acidente teria conseqüências em sua conduta durante toda a vida. Ainda criança, fez um juramento de jamais usar uma arma de fogo, mesmo que tivesse uma profissão de risco. Essa promessa em homenagem ao seu pai foi cumprida à risca apesar dele ter exercido várias funções de notória periculosidade. Essa convicção foi repassada por ele aos filhos.

Alguns anos depois da morte do pai, sua mãe Estelita casou de novo e Quinco foi criado pelo padrasto, o tabelião e jornalista, Paulino Alberto Dantas. Paulino deu ao enteado, mais três irmãos e uma irmã: Raimundo, Manoel, Edson e Rita Dantas. Sua casa e cartório ficavam em frente ao atual Museu de Acari onde hoje funciona uma loja do Boticário. Paulino acreditava que o melhor investimento para os filhos era a instrução e
a boa educação. Também tinha como princípios de vida, a trilogia bondade, sabedoria e justiça. Logo cedo o menino Quinco frequentou o grupo escolar que leva o nome de seu parente mais ilustre, o presidente Tomás de Araújo Pereira (o terceiro do nome). Tomás, tio de seus avós foi o primeiro e único presidente (governador) na monarquia brasileira, da província do Rio Grande do Norte. Foi escolhido pelo imperador D. Pedro I, em 1822, logo após proclamada a independência do Brasil. O avô Joaquim e o tio Sérvulo Pereira também foram essenciais financeira e afetivamente, na sua formação moral e intelectual. Depois de concluir o ensino fundamental em Acari, Joaquim foi levado pelo avô Joaquim das Virgens para estudar no Colégio Marista, em Natal. Na época, funcionando no Convento Santo Antônio. O próprio Joaquim Neto contava que trocava as aulas pelos banhos com os amigos no Rio Potengi. Diante de tal situação o avô o levou de volta para a fazenda obrigando-o a trabalhar no cabo da enxada, mostrando na prática, o que aconteceria com ele se não estudasse. Joaquim logo optou por voltar para Natal, desta vez para concluir o curso secundário no Atheneu, no antigo prédio da Junqueira Aires. Apesar da lição, isto não impediu de participar das brincadeiras dos estudantes do Atheneu, de passar sabão nas linhas do bonde que subia da Ribeira para a Cidade Alta.

Concluído o estudo secundário, Joaquim foi estudar numa das mais conceituadas faculdades da América Latina, a Faculdade de Direito de Recife, onde concluiu o curso em 1938. Foram seus colegas na faculdade, os desembargadores Túlio Bezerra, Omar Medeiros e Raimundo Morais, Djalma Miranda de Oliveira, Protásio Melo e o ex-governador da Paraíba, Pedro Gondim, todos já falecidos.

Joaquim assumiu seu primeiro emprego público em 1933 como escrivão da delegacia de Acari, um mês depois foi promovido a ajudante de Cartório. No ano seguinte, já como acadêmico de direito foi nomeado promotor adjunto de Acari. Em 38 o interventor Rafael Fernandes o nomeou promotor de Assu. Em novembro de 45, na redemocratização, assume a prefeitura de Assu nomeado pelo interventor Seabra Fagundes. Em 1948 foi nomeado procurador de terras públicas do Estado; Em 51 foi consultor jurídico do governo Dix-sept Rosado. Com a prematura e trágica morte de Dix-sept, Joaquim foi nomeado Consultor Jurídico da Caixa Econômica, na gestão de Elói de Souza. Em 52 foi advogado da Justiça Militar. Ainda em 52, através de concurso, foi nomeado juiz de Apodi. Logo em seguida foi transferido para a comarca de Nova Cruz onde ficou até o fim da década de 50. Nesse período foi diretor da Escola Comercial da cidade. Em 59 foi promovido para a comarca de Macaíba. Em 1960, ano de muita efervescência política conduziu com dignidade e firmeza eleições e apurações em vários municípios. Na nova conjuntura política Dr Joaquim não permitiu a submissão do judiciário ao novo governo. Como seu cargo de juiz era inamovível e indemissível, foi colocado em disponibilidade. Em 1963, aposentou-se como desembargador poucos dias antes de morrer. Sua luta contra o câncer durou 54 dias e terminou numa tarde de sexta-feira, véspera de carnaval, num leito do Hospital São Lucas, aos 49 anos.
Deixou sete filhos e a esposa Isabel Amorim das Virgens. A primogênita, Eliane Amorim das Virgens de Oliveira, foi a primeira desembargadora do Rio Grande do Norte e a terceira do Brasil (falecida em 1998). Jobel é advogado, foi líder estudantil e promotor público. Eilson é formado em História e foi gerente do extinto Banorte, durante muitos anos. Érico é engenheiro, exerceu vários cargos na administração estadual; Elino é médico tendo exercido varias funções administrativas no IPE; Edmo (Petit) é jornalista, professor de inglês e exerceu funções administrativas na Câmara Municipal de Natal; Maria das Graças é dentista. Os cinco primeiros filhos nasceram em Assú e os dois últimos em Natal

FONTE – FACEBOOK DO CENTENARIO DE JOAQUIM DAS VIRGENS NETO

 

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